domingo, 17 de novembro de 2019

Enquanto isso, no cone sul

A sinfonia é sem ritmo
tocando ao fundo da distopia.
Erguemo-nos, afinal de contas.

Os sons, difíceis não ouvir.

Gritos de ordem, de caos.
Gritos que nos mandam calar.
Atravessam o ar, sons
e pedras e chamas e balas.
As malditas e constantes
balas, de chumbo ou borracha.

Nos querem quietos,
nos querem sentados,
nos querem pacificados,
nos querem mortos, acabados.

Erguemo-nos, afinal de contas.
Olhos cheios de lágrimas,
mesmo antes do gás,
e corações cheios.

Fizemos caos, mas no meio
no meio do caos, do grito,
dos sons tão letais,
fizemos música.

Afinal, ainda temos
os corações cheios.


______________
Onishiroi Shonin

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