quarta-feira, 20 de maio de 2020

Johnny was a good man

Mais uma vez, a mesma cena
eu fui visitar na cama de terra
um novo João, o mesmo João.

Mais uma vez eu vi uma mãe
chorando ao ouvir lhe contar
que seu filho havia morrido
por uma bala

que estava perdida
mas foi achada.
A mesma história mal dita
que muda conforme dita
a mesma história maldita.

Veio o anjo da morte
com suas asas girando
pousou, em João tocou
sem falar mais nada
em si João levou
sem corpo, sem nada
a mesma história, maldita
fingindo bala perdida
achada.

Mais uma vez, a mesma cena.
No mercado negociam, permaneço
por minha cor, por minha origem
mercadoria

perdida
ou achada.


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Onishiroi Shonin

segunda-feira, 4 de maio de 2020

A bandeira

Em algum momento acreditamos
nos brasões de armas, combinamos
um símbolo de paz para os anos
verdes, azuis, amarelos, brancos.

Lembro ainda, quando jovem na esperança
que à sua visão, me erguia em dança
e uníamos por uma camisa, virava criança
mas, adulto, tal vira só lembrança.

Parece que virou o tempo
resignificaram em um momento
vieram as armas, foi-se o alento
as cores, hoje, novo tormento.

Na flâmula colorida que se eleva
manifesta, contra o sol se revela
em sombria curva que nos leva
pelas mãos de Azrael soprando a vela.

Vou embora, mas não sem lágrima,
já esperava poder morrer pela nação
mas por ela, com ela, em nome dela
e não executado pela sua própria mão.


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Onishiroi Shonin