Uma folha de papel que ainda
não sabe o poema que será
quando do tubo chorar sobre ele
(sem soluços, com calma e precisão)
a tinta negra da minha mão.
Meus melhores amigos, sempre comigo,
as palavras em potência dos versos
que ainda virão a ser, se assim
houverem encontrado seu princípio
numa causa final necessária
tornando a mim, deles mero
(mas eficiente)
instrumento servil.
Usam-me, e despedem-se,
viajando à mentes outras que
sem consciência terem, tocam
abrindo janelas nas almas
para ideias que nem sabiam
caber em palavras.
Os poemas, em ato estes,
infelizmente,
não mais me pertencem.
No meu quarto vazio, fica somente
o papel ainda limpo
a caneta ainda cheia
e o caos da mente irriquieta
pura potência, processo,
nunca completa.
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Onishiroi Shonin
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Faça um poema feliz, converse com ele XD