O copo me chama.
Ouço meu nome na sua borda
sabendo que verei meu rosto
no líquido espelho âmbar.
O copo me chama.
Nada promete mas
ainda assim acredito,
tolo,
que é verdade esse nada.
A sensação de esquecimento vazio,
como se esse líquido removesse
algo.
Algo de mim.
O copo me chama.
Diz que preciso dele
ou eu que digo.
Eu, verdade, sinto que
preciso.
Para escrever mais uma vez
para sobreviver mais uma vez
para deixar de ser mais uma vez.
O copo me chama.
De alguma forma,
apesar da dor da não-ação
o copo permanece vazio.
Eu, afinal, não preciso
alimentar um pensamento sombrio.
______________
Onishiroi Shonin
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