quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Tricotando

No silêncio, aonde não posso ouvir
nem mesmo o soprar do vento,
pois que até mesmo este
hoje está tão distante de mim,
observo as paredes cobertas
de livros, estantes, e mesmo,
mesmo na parede mais vazia
a memória carregada pela tinta
branco-risada.

Neste silêncio, denso,
que não posso pegar,
mas sinto à minha volta
desafiando-me a dizer palavra.
Não ouso, eis que quebro.
No meu quebrar, sutil
mantenho íntegro algo.

Silêncio.
Na profundeza de minha mente
lembro da risada, da voz,
do toque, do calor,
e dos planos.

Ah, a saudade que sinto.

Na casa vazia que habito
pacientemente aguardo
pois sei que aquele sorriso,
aquele toque, aquele calor,
voltará, para continuar
comigo
a fazer do silêncio um estranho
e dessa casa
lar.



______________
Onishiroi Shonin

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