Dizem que a noite todos os gatos
são pardos.
Não é o que parece aqui.
Na noite, cheia de dourado
todos são brancos, muito brancos.
Eu mesmo, em minha pele parda
debaixo desse terno, gravata
e camisa de abotoadura
me sinto branco.
Dizem que a noite todos os gatos
são pardos.
Talvez isso fosse bom.
Não aqui, aqui ninguém quer ser
pardo.
No canto de olho percebem o movimento
da mão negra, da pele escura,
que segura a bandeja, os copos.
Mas os gatos, são todos brancos.
Para eles, sou da cor da minha camisa
tão branca, tão alva.
Dizem que a noite todos os gatos
são pardos.
Envergonho-me de não me sentir assim hoje.
Nesta noite, negra e dourada
me sinto incomodamente
branco.
Meu sangue é da cor da minha gravata.
No vento, minha pele quente
não sente frio.
Dizem que a noite todos os gatos
são pardos.
Quem me dera.
______________
Onishiroi Shonin
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