Existem mulheres na estrada também
que cantam histórias de superação
de crescer num mundo com febem
e ainda ter forças para serem mães.
Mulheres sempre em pé, levando na mão
a criança, o trabalho, o pai, a comunidade,
o sono mal dormido, o irmão,
e todos os exemplares de masculinidade.
Mulheres pelas quais a estrada ultrapassa
atropela, derruba, pressiona, esquece,
cuja história não contam, se disfarça
que o sexo frágil esmorece.
Na rocinha, no vigário, nas favelas do lins
mães, com sonhos, vencedoras, donas
de si, do próprio não, de forças assim
que levantam o sol, primeiras damas.
Mas sobre elas, a estrada passa
e nas ruas do rio, seus becos sem fim
a pê eme se vêm, na bala traça
homens, mulheres, indiferente assim.
Na estrada que fica, enlameada
a carne negra continua sendo mais barata.
Sobram as crianças, ah, as crianças,
suas lágrimas, e pouca esperança.
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Onishiroi Shonin
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