Eu a sinto escorrendo entre meus dedos,
escapando, de minhas unhas afiadas,
enquanto a prendo
com meus dentes.
Mordo. Cada vez mais forte.
Minha boca sente o sabor metálico
mas ainda assim, lentamente
ela foge, como areia, grão
a grão.
As minhas mãos, o vértice
da cruel ampulheta, lenta,
inexorável.
Que não sou capaz de inverter
nem, com todo meu poder,
conter.
Eu a sinto escorrendo entre meus dedos.
Seu corpo, se desfaz, se esvai,
levada de mim, pelo vento.
Mas meus dentes, estes,
a prendem.
Mordo dela a alma.
A perco, quando o último grão
cai
e o vento
a leva.
Sinto o frio
a ausência
o fim da tempestade.
Mas os lábios, nestes
o sabor metálico
da eternidade.
______________
Onishiroi Shonin
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