sábado, 25 de junho de 2016

Troopers da morte – Resenha



Recentemente (tipo, ante-ontem) acabei de ler o livro Troopers da morte. Um livro da série legends no cenário de Star Wars. Para quem não sabe, a designação “legends” informa um livro ou conteúdo no cenário de Star Wars que não faz parte da história “oficial”, também chamada de cânone. O livro tem a assinatura de Joe Schreiber, autor habitual de livros de horror. Este é meu primeiro livro do autor, então não tenho uma referência para compará-lo aos outros livros do próprio. Contudo, é longe de ser meu primeiro livro de terror ou primeiro legends de Star Wars. Li o livro em sua versão impressa, na língua portuguesa, tradução de Caio Pereira e publicado pela editora Aleph. Enfim, ao livro. Não fornecerei nenhum spoiler, quase tudo aqui está na sinopse, salvo alguns poucos detalhes que não são impeditivos da apreciação da trama.
Primeiro é preciso comentar a qualidade da impressão. Nisto a editora Aleph nunca me decepciona. O livro é impresso em papel de qualidade (Polen Bold 70g), sem nenhuma falha na diagramação. Neste, como em todos os livros da editora que li até o presente momento, não identifiquei nenhum erro de ortografia ou falha no alinhamento dos parágrafos ou outro tipo de erro na revisão, assim como nenhuma folha danificada ou erros de impressão. Adicionalmente, a arte de capa do livro é sensacional. Internamente o livro possui alguns pequenos detalhes significativos, como a imagem utilizada para cada novo capítulo. Apesar de ser sempre a mesma imagem, adiciona um toque interessante ao efeito do livro. Por fim, o livro vem com o próprio marca páginas, um pequeno sabre de luz de papel.
Vamos então falar da história em si. A sinopse do livro deixa claro sua proposta. É uma história de zumbis no universo de Star Wars, que ocorre durante a existência do império, antes dos eventos de uma nova esperança. Uma nave prisão quebra no meio de uma viagem até um planeta prisão, encontra um cruzador imperial abandonado e um grupo vai investigá-lo procurando partes para o concerto da nave. No meio do processo um vírus se espalha e pessoas começam a passar mal. O tipo de zumbi utilizado no livro – que mundo vivemos em que podemos até classificar tipos de zumbis e infecção original – é do vírus que se espalha pelo ar, mata e transforma em zumbi. Nisso entra o primeiro momento complicado do livro, no qual os personagens principais são simplesmente imunes a infecção via aérea por... porque sim. Ok, se o autor escolhe esse tipo de infecção ele meio que fica obrigado a utilizar esse recurso, mas não deixa de ser uma situação forçada. Que seja. O livro evolui relativamente bem no início, com bastante trabalho na tensão. Contudo, em um indeterminado ponto no meio do livro as coisas se aceleram e ficam mais distantes do conceito de horror e mais próximas de um livro de ação. As coisas ficam “claras” muito rápido, de forma que é difícil ser impactado pelo horror do livro. Em algum lugar isso se perde e, embora eu possa reconhecer que os PERSONAGENS estão com medo, eu mesmo não senti nenhum incômodo. Talvez as minhas referências em Edgar Allan Poe e Stephen King tenham me imunizado de livros do gênero, mas o típico suspense e nervoso que tenho ao ler um livro desses autores não foi sentido nesta obra de Joe Schreiber. Como disse, por ser a primeira obra dele que leio, não posso dizer se chega a ser uma falha do autor, pois o universo utilizado talvez seja pouco propenso ao gênero. Contudo, houve algumas escolhas do autor que eu considero que poderiam ser mais eficientes para o tema. Um é  o uso dos zumbis “modo horda” ao invés de isolados. Regra geral, um monstro dá medo. 30.500 monstros, não. Eles se tornam comuns, e eu eventualmente não via mais problema em ter um mar de zumbis constante seguindo alguém. Segundo ponto que não gostei foi a introdução de alguns personagens famosos de star wars. Por mais que seja um elemento... interessante, é difícil inserir os personagens escolhidos no contexto do medo. Entre outros, você sabe que estes personagens são imortais, a prova de blasters e não sofrerão sequer um arranhão que poderia deixar uma cicatriz neles, o que impede a imersão. Por fim, a história tem uma série de elementos “Ex Machina”. Inúmeras vezes, entre os mais de 30.000 zumbis – considerando a tripulação de um cruzador imperial – aparece justamente o que tinha um contexto com os sobreviventes antes da infecção. E em algumas situações isso é simplesmente feito de formas impossíveis. Muito impossíveis. Absolutamente impossíveis. E isso gera descrença que, mais uma vez, afasta o medo.
Apesar disso, removido a consideração de “livro de horror”, e considerando um livro de ação, a história chega a ser bem interessante, com momentos bem emocionantes. Os personagens são bons e evoluem bem, apesar de um deles ter uma evolução muito rápida no meu gosto. A maior parte das decisões feitas pelos personagens é condizente com suas personalidades e críveis para as situações, mesmo considerando os momentos ex machina. Lendo sob esta ótica o livro é bom. Não sensacional, mas bom o suficiente para proporcionar um tempo agradável, com alguns momentos muito bons, mesmo que não o suficiente para tornar o livro um espécime singular.
A conclusão do livro, talvez, seja o ponto que força ele para o campo do regular. Como ocorre com muita freqüência, após construir uma trama tensa e com muitos nós, a solução final é meio “simples”, como se o autor percebesse que alcançou a quantidade de páginas pretendida e simplesmente precisasse encerrar em três capítulos do jeito que fosse. Mesmo assim, o final é bem interessante e satisfatório. O epílogo, em bem verdade, foi um dos meus momentos favoritos no livro, digno de uma história épica, o que aumentou um pouco minha consideração.
Concluindo, Troopers da morte é um livro bom, apesar de falhar na proposta de gênero original. Recomendaria principalmente para quem gosta de livros de ação. Eu daria uma nota de 6/10 para o livro, bom o suficiente, mas não espetacular. Compre em uma promoção e valerá a pena, mas não precisa correr para fazê-lo.

Ja-ne. Até a semana que vem devo acabar a leitura de outro livro, a Lenda de Ruff Ghanor, e informo o resultado.

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Onishiroi Shonin

terça-feira, 7 de junho de 2016

Um poema rápido

Deixe-me contar uma coisa rápida.
Tem que ser rápido, muito, muito
rápido. Porque nesse momento
bem ali perto, talvez,

uma pessoa lamuria-se numa mesa de bar
alguém encontra o amor da sua vida
e outra perde definitivamente o seu.

Alguém certamente chora esse momento
ou apenas talvez penteie o cabelo.

Pelo menos para alguém, sei
este momento é e foi
o momento mais importante
de toda sua vida.

Era só isso.

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Onishiroi Shonin